segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eliane Brum, a repórter do invisível

A curiosidade é o alimento da alma.*
Os olhos brilhantes só redundaram ainda mais o olhar atento da menina ao mundo. Assim, vi Eliane Brum, uma repórter da vida que ninguém vê. Prestes a fazer 45, Eliane se demonstra preocupada com a matéria cotidiana. A curiosidade a desperta para as pequenas coisas corriqueiras cujo um olhar apressado não vê. Mas os olhos negros e profundos da repórter se aproximam do invisível e encontram o milagre, o diamante naquilo que ninguém quer saber. "Somos contadores de histórias reais. O nosso primeiro olhar é para dentro. Quem é você? Qual é o seu tamanho?", indaga a voz doce e suave que perfura como uma adaga o ventre, a mesma voz que arranca o extraordinário do desconhecido.
Para a jornalista, também escritora e documentarista, "o desafio nas ruas do mundo é enxergar" e transformar a reportagem em um documento sério e não no filão efêmero de maior vendas. Diante disso, o jornalismo tem como premissa a extrema responsabilidade, pois se pode contar bem ou mal uma história. E, no futuro, esta ser vista de forma verdadeira ou manipulada. Quem saberá a verdade? Brum deixa nas entrelinhas que é o envolvimento maduro com a vida e a missão com a qual o (a) profissional se dispôs a cumprir que produz uma matéria com "contexto, cheiro, textura, gestos e palavras". A disponibilidade para sair da redação e reportar a vivacidade do dia-a-dia com as alegrias e as dores nele contidas perpassa o aqui-agora. "Nós damos permanência à história do nosso país; escrevemos a história contemporânea", ressalta. Por isso, comunicar deve ser levado a sério.
Mais de 20 anos de profissão ainda
é pouco para a jornalista revelar
as vidas que ninguém vê.**
Ganhadora de mais de 40 prêmios, Eliane Brum trabalhou durante 11 anos no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no qual em 1999, criou a coluna A vida que ninguém vê. A ideia surgiu a partir do olhar aguçado frente aos "invisíveis da sociedade", como o homem que come vidro, o doce velhinho dos comerciais que sobreviveu ao Holocausto, o gaúcho do cavalo-de-pau e a menina Camila, a qual teve sinal fechado prematuramente. Essas e outras histórias geraram o livro homônimo da coluna. No ano passado, Eliane deixou a  redação da revista Época para dedicar-se a projetos independentes. "Achei que estava na hora de inventar uma nova vida para mim", despediu-se na coluna online da publicação para qual ainda escreve. E para expressar ainda mais a inquietude, também colabora com artigos no blog Vida Breve.
Um dos grandes feitos dessa repórter dos fatos ignorados foi o documentário Uma história Severina, o qual relata com veemência a inescrupulosidade e a atitude vexatória do poder judiciário em relação à legalização do aborto de feto anencefálico. Antes da denúncia da falta de conhecimento e interesse dos juízes e ministros sobre o assunto, Eliane trata com maior intensidade o drama de Severina, cuja interrupção de gravidez do filho, ausente de cérebro, foi liberada e depois proibida. A peregrinação da mulher por vários hospitais, passando pela escolha da roupinha, em que a vendedora pergunta se ela quer ver outra, e, de imediato, recebe a resposta da mãe já conformada: "não, obrigada, ele não vai sobreviver mesmo", até o nascimento do bebê morto, seguido de velório. Essa é Eliane Brum, nem mais, nem menos, simplesmente guerreira, aberta para o espanto da vida que ninguém vê.

Confira uma parte da entrevista de Eliane Brum cedida ao programa Jogo de Ideias:


Texto Luciana Hoffmann
* foto retirada do blog Comunique-se.
** foto retirada do blog Colecionador de Pedras.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sorrateiramente pelos pés

Ela chega sorrateiramente pelos  pés, em uma ocupação de sentimentos que ativa o coração. À medida que se adentra, ela toca finamente nas pernas e muda o estado das coisas; energiza cada ponto do corpo, na linha de unificação entre o sexual e o astral, e os torna vivos. Ó, Rainha do Mar!

                     As águas que beijam a Ilha Encantada, com o canto da sereia ao                                                   
                                            amanhecer, quando os primeiros raios de sol começam enfeitar o dia

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Saudação, Mãe Yemanjá, a Rainha do Mar!

Sinto-te no mar, no meu coração, no meu falar, no meu respirar, na minha mente e no céu. No céu, na minha mente, no meu respirar, no meu falar, no meu coração e no mar. Com licença Mãe Yemanjá, que você venha me energizar e, com muito carinho, me abençoar. Alodê, Odofiaba, Minha-Mãe, Mãe-D'água, Odoyá!


O que seria de mim sem você, minha mãezinha, Yemanjá?