segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mel

Estou lendo Afrodite, um livro literalmente delicioso da Isabel Allende (por sinal, uma escritora fluída, inventiva e intensa). Ela também é jornalista e, nesta obra, quer descobrir os segredos afrodisíacos da comida. Por que será que sou fã dela e estou amando esse livro?
Quando decidi fazer o blog ainda não havia começado a lê-lo. E alguns nomes me surgiram, um que não posso mencionar, pois está em fase de maturação em outro projeto. Outro que seria Néctar da Alma. Mas optei por Afrodite que nasceu da espuma do mar (sêmen de Urano) e contém a alma do amor. Mas enfim... A ideia é saborear tudo o que para mim é importante, tudo o que englobe arte e o prazer de escrever sobre ela, seja sobre teatro, cinema, dança, música, literatura ou gastronomia. A ideia é reagir, como ressalta Jacques Lecoq em O Corpo Poético, uma pedagogia da criação teatral, para "realçar a proposta que vem do mundo de fora. O mundo interior revela-se por reação às provocações que vêm do mundo exterior".
Não é que para minha surpresa ao ler o livro, descobri que o néctar de Afrodite é o próprio mel, "dourado tesouro da terra, resultado da alma das flores e do trabalho das abelhas. Tem servido para adoçar a vida muito antes da descoberta do açúcar. Seu sabor e aroma dependem das flores visitadas pelas aladas obreiras. Sua reputação como afrodisíaco é enorme: os noivos partem em 'lua de mel', e em muitas culturas faz parte da cerimônia e do banquete de casamento. O alto conteúdo de vitaminas B, C e minerais do pólen estimula a produção dos hormônios sexuais. Reaviva instantaneamente os amantes esgotados, porque o corpo o absorve em um tempo mínimo. Avicena, o célebre médico árabe, cujas receitas foram usadas durante séculos na Idade Média, recomendava mel com gengibre para impotência. Usa-se na preparação de doces sensuais, mesclado com nozes, coco, leite de camelo ou de cabra, ovos, especiarias, etc. Supõe-se que a saliva das belas huris do Paraíso de Alá, assim como as secreções femininas durante certos dias do ciclo menstrual, têm sabor de mel. Átila, que acreditava piamente em seu poder estimulante, bebeu tanto hidromel no dia do seu casamento que morreu de parada cardíaca, para regozijo dos seus inimigos e possivelmente da sua noiva. O rei Salomão canta à sua amada: como favo de mel destilam teus lábios, ó esposa minha; mel e leite há sob tua língua; e o odor dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano (Cantares 4:11)", discorre a artista chilena, para em seguida continuar com excelência em sua descrição sobre o mel. "Morno sobre o corpo presta-se a muitos jogos eróticos. Cleópatra preparava uma mistura de mel e amêndoas pulverizadas para embelezar sua pele. Júlio César e Marco Antônio engordaram ao seu lado, não só por terem abandonado a rude vida dos quartéis pelos lânguidos prazeres da corte egípcia, mas também porque se viciaram em lamber a sobremesa na taça íntima dessa rainha sedutora".


Fica aí um convite @s leitor@s para conferir as próximas reações provocadas ao néctar de Afrodite.
Sejam Bem-vind@s!

Um comentário:

  1. Que a suavidade e o refinamento sejam seus eternos companheiros nesta jornada terrena. Beijos.

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