E quanto a todo esse plasmar, esse plasmar redutor de uma vida que se abre, se oferece, se esforça e se tenta ser. Esse plasmar da inocência, do não saber como agir, do mundo das ideias. Esse plasmar em prismas de cores infinitas. O plasmar da prima-dona nos grandes palcos. É o acicate do afã, o estímulo do empenho, o encorajamento da vontade do zelo. Zelar pela ação da arte, pela intervenção da arte, pela monção de se fazer arte. E quão profunda é a arte em mim? O que, para mim, é arte? A arte que se vê, se discute, se reflete. A arte que busca uma forma e que irremediavelmente não a encontra. A arte que acende uma questão e não vê na claridade a resposta. A arte para qual não há definição, não há solução, não há fim. A arte que se plasma líquida e espelha o seu tempo dentro do próprio espelho do tempo.
domingo, 19 de setembro de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Frida Kahlo, através da dor com a própria dor
Juçara Gaspar é tal como Frida Kahlo, em aparência e vestimenta. Atrás, Luciano Alves, o violeiro* |
Abaixo, o programa da peça:
Só para dar um gostinho...
* Foto de Carlos Sillero
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Sr. Fox e a poesia das máscaras balinesas
Quando as luzes se apagaram e o breu se instaurou, senti que estava no lugar certo. Uma luz vermelha iluminou o pano branco ao fundo, e uma batida lentamente ritmada levou-me à sensação lúdica de que a ausência de cenário iria realmente tocar a minha imaginação. E isso se confirmou quando dois atores vestidos de máscaras balinesas entraram em cena carregando ao ombro cestos de vime suspensos um em cada ponta das varas de bambu. A fábula do Sr. Fox, um conto de fadas britânico que faz referência ao do Braba Azul, é o mote para o rito de iniciação dos atores da Cutelaria de Teatro: é a estória escolhida pelo grupo, ex-integrantes do prestigiado AMOK, para inaugurar-se como tal nos palcos.
A trama narra o encanto de Lady Mary, uma bela e jovem donzela, pelo Sr. Fox, um homem adornado de ouro e cheio de pretensões para com ela. Mas que pretensões seriam essas? Quem, de fato, é o Sr. Fox? Lady Mary aventura-se na floresta para adentrar nos recônditos do castelo daquele que lhe seduziu com generosas palavras e lhe enfeitiçou com o prazeroso hálito aromatizado com flores. A menina é destemida e não hesita em desmascarar o tão nobre galanteador. Feito realizado em grande estilo, é claro, na almejada cerimônia de casamento. A narrativa conta com as participações do pai e da ama da moça, figuras fundamentais para sustentação do pilar da peça. A combinação do encontro de olhares, do respirar a dois, da tensão cênica e da organicidade do corpo como reflexo da magia da máscara faz com o que o teatro aconteça e, assim, se torne poesia.
Ficha Técnica
Direção e Dramartugia: Gustavo Damasceno
Cenário: Claudiney Barino
Figurino: Marcelo Marques
Iluminação: José Michilis
Trilha sonora: Carlos Bernardo
Elenco: Ricardo Damasceno, Ludmila Wischansky, Fernando Lopes e Breno Primo de Melo
Temporada até 29 de agosto
Teatro do Jóckey - Av. Bartolomeu Mitre 1.110 - Gávea - Rio de Janeiro
Telefone: 21 2540-9853
Sábados e domingos às 18h30
Não recomendado para menores de 14 anos.
A trama narra o encanto de Lady Mary, uma bela e jovem donzela, pelo Sr. Fox, um homem adornado de ouro e cheio de pretensões para com ela. Mas que pretensões seriam essas? Quem, de fato, é o Sr. Fox? Lady Mary aventura-se na floresta para adentrar nos recônditos do castelo daquele que lhe seduziu com generosas palavras e lhe enfeitiçou com o prazeroso hálito aromatizado com flores. A menina é destemida e não hesita em desmascarar o tão nobre galanteador. Feito realizado em grande estilo, é claro, na almejada cerimônia de casamento. A narrativa conta com as participações do pai e da ama da moça, figuras fundamentais para sustentação do pilar da peça. A combinação do encontro de olhares, do respirar a dois, da tensão cênica e da organicidade do corpo como reflexo da magia da máscara faz com o que o teatro aconteça e, assim, se torne poesia.
Ficha Técnica
Direção e Dramartugia: Gustavo Damasceno
Cenário: Claudiney Barino
Figurino: Marcelo Marques
Iluminação: José Michilis
Trilha sonora: Carlos Bernardo
Elenco: Ricardo Damasceno, Ludmila Wischansky, Fernando Lopes e Breno Primo de Melo
Temporada até 29 de agosto
Teatro do Jóckey - Av. Bartolomeu Mitre 1.110 - Gávea - Rio de Janeiro
Telefone: 21 2540-9853
Sábados e domingos às 18h30
Não recomendado para menores de 14 anos.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Mel
Estou lendo Afrodite, um livro literalmente delicioso da Isabel Allende (por sinal, uma escritora fluída, inventiva e intensa). Ela também é jornalista e, nesta obra, quer descobrir os segredos afrodisíacos da comida. Por que será que sou fã dela e estou amando esse livro?
Quando decidi fazer o blog ainda não havia começado a lê-lo. E alguns nomes me surgiram, um que não posso mencionar, pois está em fase de maturação em outro projeto. Outro que seria Néctar da Alma. Mas optei por Afrodite que nasceu da espuma do mar (sêmen de Urano) e contém a alma do amor. Mas enfim... A ideia é saborear tudo o que para mim é importante, tudo o que englobe arte e o prazer de escrever sobre ela, seja sobre teatro, cinema, dança, música, literatura ou gastronomia. A ideia é reagir, como ressalta Jacques Lecoq em O Corpo Poético, uma pedagogia da criação teatral, para "realçar a proposta que vem do mundo de fora. O mundo interior revela-se por reação às provocações que vêm do mundo exterior".
Não é que para minha surpresa ao ler o livro, descobri que o néctar de Afrodite é o próprio mel, "dourado tesouro da terra, resultado da alma das flores e do trabalho das abelhas. Tem servido para adoçar a vida muito antes da descoberta do açúcar. Seu sabor e aroma dependem das flores visitadas pelas aladas obreiras. Sua reputação como afrodisíaco é enorme: os noivos partem em 'lua de mel', e em muitas culturas faz parte da cerimônia e do banquete de casamento. O alto conteúdo de vitaminas B, C e minerais do pólen estimula a produção dos hormônios sexuais. Reaviva instantaneamente os amantes esgotados, porque o corpo o absorve em um tempo mínimo. Avicena, o célebre médico árabe, cujas receitas foram usadas durante séculos na Idade Média, recomendava mel com gengibre para impotência. Usa-se na preparação de doces sensuais, mesclado com nozes, coco, leite de camelo ou de cabra, ovos, especiarias, etc. Supõe-se que a saliva das belas huris do Paraíso de Alá, assim como as secreções femininas durante certos dias do ciclo menstrual, têm sabor de mel. Átila, que acreditava piamente em seu poder estimulante, bebeu tanto hidromel no dia do seu casamento que morreu de parada cardíaca, para regozijo dos seus inimigos e possivelmente da sua noiva. O rei Salomão canta à sua amada: como favo de mel destilam teus lábios, ó esposa minha; mel e leite há sob tua língua; e o odor dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano (Cantares 4:11)", discorre a artista chilena, para em seguida continuar com excelência em sua descrição sobre o mel. "Morno sobre o corpo presta-se a muitos jogos eróticos. Cleópatra preparava uma mistura de mel e amêndoas pulverizadas para embelezar sua pele. Júlio César e Marco Antônio engordaram ao seu lado, não só por terem abandonado a rude vida dos quartéis pelos lânguidos prazeres da corte egípcia, mas também porque se viciaram em lamber a sobremesa na taça íntima dessa rainha sedutora".
Fica aí um convite @s leitor@s para conferir as próximas reações provocadas ao néctar de Afrodite.
Sejam Bem-vind@s!
Quando decidi fazer o blog ainda não havia começado a lê-lo. E alguns nomes me surgiram, um que não posso mencionar, pois está em fase de maturação em outro projeto. Outro que seria Néctar da Alma. Mas optei por Afrodite que nasceu da espuma do mar (sêmen de Urano) e contém a alma do amor. Mas enfim... A ideia é saborear tudo o que para mim é importante, tudo o que englobe arte e o prazer de escrever sobre ela, seja sobre teatro, cinema, dança, música, literatura ou gastronomia. A ideia é reagir, como ressalta Jacques Lecoq em O Corpo Poético, uma pedagogia da criação teatral, para "realçar a proposta que vem do mundo de fora. O mundo interior revela-se por reação às provocações que vêm do mundo exterior".
Não é que para minha surpresa ao ler o livro, descobri que o néctar de Afrodite é o próprio mel, "dourado tesouro da terra, resultado da alma das flores e do trabalho das abelhas. Tem servido para adoçar a vida muito antes da descoberta do açúcar. Seu sabor e aroma dependem das flores visitadas pelas aladas obreiras. Sua reputação como afrodisíaco é enorme: os noivos partem em 'lua de mel', e em muitas culturas faz parte da cerimônia e do banquete de casamento. O alto conteúdo de vitaminas B, C e minerais do pólen estimula a produção dos hormônios sexuais. Reaviva instantaneamente os amantes esgotados, porque o corpo o absorve em um tempo mínimo. Avicena, o célebre médico árabe, cujas receitas foram usadas durante séculos na Idade Média, recomendava mel com gengibre para impotência. Usa-se na preparação de doces sensuais, mesclado com nozes, coco, leite de camelo ou de cabra, ovos, especiarias, etc. Supõe-se que a saliva das belas huris do Paraíso de Alá, assim como as secreções femininas durante certos dias do ciclo menstrual, têm sabor de mel. Átila, que acreditava piamente em seu poder estimulante, bebeu tanto hidromel no dia do seu casamento que morreu de parada cardíaca, para regozijo dos seus inimigos e possivelmente da sua noiva. O rei Salomão canta à sua amada: como favo de mel destilam teus lábios, ó esposa minha; mel e leite há sob tua língua; e o odor dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano (Cantares 4:11)", discorre a artista chilena, para em seguida continuar com excelência em sua descrição sobre o mel. "Morno sobre o corpo presta-se a muitos jogos eróticos. Cleópatra preparava uma mistura de mel e amêndoas pulverizadas para embelezar sua pele. Júlio César e Marco Antônio engordaram ao seu lado, não só por terem abandonado a rude vida dos quartéis pelos lânguidos prazeres da corte egípcia, mas também porque se viciaram em lamber a sobremesa na taça íntima dessa rainha sedutora".
Fica aí um convite @s leitor@s para conferir as próximas reações provocadas ao néctar de Afrodite.
Sejam Bem-vind@s!
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